terça-feira, 13 de janeiro de 2009

na tal sala

Ainda não desmontei a árvore de Natal. Poderá o mais astuto dizer que será pela preguiça, porém há algo de mais filosófico e metafísico no cerne da questão. Porquê? Porquê desmontar tal coisa? E porquê montá-la de início?! Seguramente seria mais confortável tirá-la daquela caixa poeirenta de cartão a cair aos bocados, já montada. Ao contrário do que o leitor poderá estar a pensar, eu gosto muito do Natal; é uma época em que sinceramente sinto-me alegre só por ser Natal. E também porque a minha mãe faz doces como o caraças. Gosto tanto do Natal que desmontar a árvore de Natal é a coisa mais entediante possível e imaginária de se fazer num domingo. Preferiria largamente estar a medir com uma régua todos os bagos de arroz de uma embalagem do Cigala. Por isso vou deixar, uma vez mais uma sugestão daquelas, o ideal era nós termos 2 salas em casa. uma decorada com 200 pais natal miniaturas, presépios, bolos rei, e tigelinhas com Ferrero-Rochérs; a outra com a desarrumação habitual de quem tem 2 filhas devoradoras de papéis e comandos de TV. Assim, quando chegava o dia de Reis, ‘bora lá malta, vamos para a outra sala.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

cumprir o cumprimento

O pessoal das aldeias é que sabe. Cumprimenta-se as pessoas quando se cruzam; mesmo que não se conheçam. É delicioso dizer “boa tarde” daquela maneira. Tirar o chapéu já não se usa, mas parece que o fazemos. Na cidade, não cumprimentamos todas as pessoas com que nos cruzamos, só mesmo os conhecidos. O irónico, é que os cumprimentos que utilizamos são fracos; já não têm aquela riqueza como o “ora bom dia” ou “como vai?” não. Quando vejo um conhecido na rua digo simplesmente “então?” então? Então o quê? Não sei, mas é o que digo; e respondem-me o seguinte “’tá tudo!” tudo? O mais ridículo de todos é quando nos deparamos com alguém que não víamos há bastante tempo “olha quem é ele!” este cumprimento em forma de afirmação não tem sentido; parece que estamos a falar com um público imaginário e somos um apresentador de um programa de variedades na TVI. E é perfeitamente normal, encontrarmos um antigo colega e dizer isto tudo de rajada: “Olha quem é ele! Então? ´tá tudo?” é triste não é? Eu vou começar a utilizar os cumprimentos clássicos, são mais humanos. Tenho dois preferidos o versátil “Boas!” e o espampanante “Viva!”

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

saúdinha!

Bom ano novo. É o que se diz por estes dias. Muito obrigado e para si e para os seus também. Fico muito grato por me desejarem um bom ano. Agora, não percebo é a euforia da passagem de ano. Se nós pensarmos um bocadinho, aquando das 12 badaladas, as pessoas transformam-se e urram pelas janelas. Lembra-me dos tempos do euro 2004, em que a selecção dava uns ânimos e o povo lá se exaltava. Na passagem de ano, exaltamo-nos por ser meia-noite. É que não é nada mais do que isso, é meia-noite, embora lá para a varanda com uns tachos e umas colheres de pau fazer barulho como se o mundo acabasse amanhã. Eu lembro-me de correr pela rua abaixo aos gritos e com a caçarola da minha avó a bater nos portões dos vizinhos, lembro-me como se fosse ontem. Mas como a tradição já não é o que era, acho que é altura para se dizer que comemorar a passagem de ano é a maior das parvoíces. Escolheu-se um dia e quando o dia finda, grita-se de alegria. Há dias em que é mais lógico fazer isso. Todas as sextas-feiras por exemplo. Este ano vou comemorar o fim de todas as sextas-feiras como se tratasse do fim de ano, só que em vez de ser à meia-noite vai ser às 18h00. Portanto sempre que for 17:59, ponho-me em cima da secretária a gritar alto e a bom som, 10, 9, 8…

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

quem sai aos seus

Tive de ir ontem ao pediatra com uma das gémeas. Tinha umas manchinhas na pele; foi--lhe diagnosticada a chamada quinta doença, ou eritema infeccioso. Segundo o doutor o que provoca isto é o seguinte vírus: “Parvovírus, comumente abreviado para parvo, é um gênero da família Parvoviridae linear, não-segmentado único DNA vírus com um tamanho médio de 5 kbp genoma. Parvoviruses são alguns dos menores vírus encontrados na natureza. Alguns têm sido encontrado com o reduzido tamanho de 23nm.Os seres humanos podem ser infectados por três gêneros da Família Parvoviridae. São eles Dependoviruses (por exemplo, vírus adeno-associado), o Erythroviruses (por exemplo, parvovírus B19) e do Bocaviruses”. Desculpa filha se te peguei qualquer coisa. A mim o vírus já foi embora há muito deixou só o parvo.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

pelo menos...

Caramba nunca tinha reparado nisto, sou peludo como tudo. Tenho pêlos em todo o lado! Até as minhas unhas são peludas. Gosto tanto de as roer, mas fico sempre com um pêlo no meio dos dentes. A gente tem estes pêlos todos para quê? Não me fazem lá muita falta. A barba cresce mais rápido que um piano a cair de um 10º andar, as sobrancelhas lembram aquela telenovela, o pantanal; tenho agora também esparguetes pendurados nas orelhas. Infelizmente, onde o pêlo se deveria manter farto, que é na pinha, parece estar a entrar na reforma antecipada. Não é que me preocupe muito com estes pormenores superficiais de beleza exterior, mas pelo menos gostaria de saber qual é o sentido de se ser peludo. São vestígios do cro-magnon. Ora não é coisa que se deva orgulhar de se exibir vestígios, contudo eu não tenho vestígios, tenho mesmo um espólio carpetual.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

come a papa, joão come a papa

Tenho de o confessar. Eu como sempre uma colherada de Cerelac quando faço a papa para as minhas filhas. É bom p’ra chuchu. Eu prefiro a clássica. Há umas com sabor a maçã e a pêra, mas a clássica é que é a vedeta. O ritual é sempre o mesmo; não querida, deixa-te estar que eu faço-lhes a papa… no fim de estarem prontas, lá vai disto! Não sei porque tenho alguma vergonha em assumir este vício. Elas não parecem importar-se. Um dia destes arranjo coragem e faço daquilo mesmo o meu jantar! Ah que esplêndido! Uma taça gigantesca de Cerelac! Mas faço-a com leite, com água é para meninos. Gosto da Cerelac num estado em que se tem de mastigar antes de se engolir, ou seja argamassa da boa! E ainda se pode ir mais longe, assim uma espécie de gourmet de papa, tipo depois de feita, pulverizar com chocolate belga em pó, com uma vagem de baunilha, só para ficar bonito, uma bolacha em forma de leque e um mini guarda-sol espetado em cima. Fantástico! Bem, venho já…

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

tremem leve, levemente

Nunca senti um tremor de terra. Ai como gostava. Mas, não; nunca senti. Deve ser uma sensação bizarra. Felizmente não houve assim nenhum de magnitude bíblica, nem eu quero que isso aconteça só para eu senti-lo. Mas, pronto vá, assim um abanar de portas, um tremelicar de copos, qualquer coisa. Fico triste e com inveja de quem já sentiu. É meio estranho eu não ter essa percepção, mas enfim. Será que sou pouco sensível? Ou será que sou eu que os provoco? eu não sou propriamente levezito, e na volta é isso mesmo. Dou assim um passo mais largo e a tectónica dá de si. Isto é o sindroma das bufas. Quem as dá, não as sente.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

um buraco e meia

Mas qual é o mal de andar com meias rotas? Tem um buraquinho no dedão, e daí? Ninguém o vê! A patroa já me disse o destino das peúgas, mas eu insisto que o destino delas serão mesmo os meus chulés. Ah mas fica tão feio. Como se o meu pé fosse bonito. Ah mas fica com tão mau aspecto. Repito, como se o meu pé tivesse bom aspecto. Meias minhas só vão para o lixo por causa de buracos, se estes forem no tornozelo. Aí está bem, já se vê, e estraga-me o bonequinho do Homer. Sim, porque eu só uso meias com bonequinhos. Bugs Bunny, Garfield e os Simpsons são os meus favoritos. Mas há que tentar perceber sempre outro ponto de vista, e se há alguma lógica em mandar meias perfeitamente boas para o gadelho só por um buraquinho no dedão, é porque realmente escondia a unhaca que por lá baixo tenho. Essa sim, tem mau aspecto e é bem feia.

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

temos de amá-las

As senhoras têm uma mala. Uma mala de senhora portanto. E o que essa mala tem de tão de fascinante? Nada. É apenas parva. A sua utilidade é na verdade um apêndice à toilette que vestem. Não se pense que a mala de senhora se avalia pela sua capacidade de arrumação, antes pelo contrário. Penso que as senhoras preferem mesmo que a dita mala, seja tipo um saco de viagem, sem compartimentos, que é para se ter tudo num molho de brócolos de cremes, carteira, canetas, papeis, lenços, batons, pensos, agendas, telemóveis, chaves, moedas, limas, lápis dos olhos, blushes, óculos, garrafas de água, ben-u-ron, cigarros, extractos bancários, livro, revistas… enfim, tudo o que uma senhora precisa para sair de casa. É uma aventura quando o telemóvel toca, e se desencadeia uma procura frenética pelo objecto. Não sei como são capazes de aguentar tal coisa, decerto que se fosse um homem, a obsessão pelo prático vinha ao de cima. Tudo arrumadinho e catalogado. Os senhores preferem a ordem em vez do caos, de tal maneira que, falo por mim, quando arrumo as “coisas” que preciso para sair de casa, arrumo sempre tudo nos mesmos bolsos de sempre. Chaves aqui, tabaco ali, carteira atrás e por aí fora. Às vezes fico a pensar quem me dera ter uma mala de senhora para andar com ela sempre arrumada. E o irónico é que por vezes também as senhoras pensam, quem me dera ter uma daquelas malas de ferramentas para limpá-las e arrumá-las todas!


quinta-feira, 27 de novembro de 2008

tipo, passe

As fotos do tipo passe são parvas. As máquinas automáticas só funcionam de madrugada. Toda a gente que tira fotos tipo passe tem de as tirar entre as 5 e as 7 da manhã, senão não ficam boas. É espectacular ver uma carta de condução de um colega. Dizem todos: epá eram 6 da manhã e estava na estação a correr cheio de sono e rissóis de bacalhau e tal. As pessoas que fazem as cartas de condução não deixam de colocar o sítio onde se colocar a fotografia, é a parte mais fixe de todo o documento. Comigo também já aconteceu o mesmo, obviamente. A parvoíce maior, é que quando decidimos ir tratar de algum documento, a fotografia fica sempre para o fim, daí tirar-se sempre a caminho de lá; e o mais idiota, é que escolhemos sempre o dia mais atarefado da semana para o fazer. É do género, condensar tudo o que temos de fazer em Lisboa num só dia. E na véspera ao que parece saímos à noite, uma coboiada do camandro que é para a foto na madrugada seguinte ficar sublime.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

wallpaper

Mais uma vez pediram-me para ir colar papel de parede. Só por ter feito isso em minha casa, tornei-me um especialista aos olhos dos amigos. Confesso que é assustador quando nos deparamos com uma parede branca, um rolo de 10 metros e um pacote de cola em pó. Existem instruções de como se procede a esta acção na caixa da cola, mas são tão resumidas, que parece que estão a gozar connosco, do género: passar a cola no papel, dobrar ao meio, colocar na parede… e pronto. Após ter piscado 8 vezes os olhos aventurei-me, e tremi. Mas lá consegui. O que custa é a 1ª tira, que demorei umas 2 horas a colá-la. O truque é usar a cabeça, e quando digo isto é mesmo usá-la; como me falta o 3º braço vai mesmo com a testa. Mas não é difícil, acreditem, se eu consegui fazer, até um egípcio paraplégico consegue.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

homem em construção

Como tive duas filhas ao mesmo tempo, as pessoas gostam de me perguntar: “qual delas te dá mais trabalho?”, e eu respondo com prontidão: “a mãe!”. As bebés são fáceis de se lidar; ou querem comer, dormir, ou brincar com os comandos da televisão. A mãe é mais tramado. Quer dizer, eu é que sou uma grande besta, pois a mamã é quem traz amor para o nosso lar; eu trago contas e roupa suja. Não são as mulheres que são difíceis de entender, eu é que sou mais burro que uma vaca morta. Parece-me que o truque é dizer que sim a tudo; parece-me. Daqui a uns anos vou ter ainda mais dificuldades, pois vou ter 3 mulheres em casa com que lidar. Ou posto de outra forma, uma mulher lá em casa vai ter um terço de um homem para lidar. As mulheres querem o nosso bem, e quando nos perguntam pela trilionécentesima vez se já telefonei ao canalizador é para o nosso bem. Elas no fundo gostam de nós. E nós só percebemos isso quando perguntamos se podemos ir passar um fim de semana fora com os rapazes.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

parabéns a mim!

Hoje faço ranhos. É verdade. Faço 29 ranhos. Tenho uma bimby tresloucada a produzir em massa muco nasal dentro da minha narina esquerda. Estou constipado no meu dia de anos. Adoro fazer anos; é fixe! Sinto-me feliz só mesmo por fazer anos! Não me importo de receber 2.000 telefonemas a desejar felicidades; e não me importo mesmo nada de receber um envelope com o meu nome lá escrito proveniente da minha avó. A minha mãe hoje vai fazer-me o jantar e há-de ser o meu favorito, uns belos rojões fritos! Muita mousse de chocolate para a sobremesa. É bom, e tenho saudades de quando fazia 12 anos… brinquedos! muitos brinquedos! estou satisfeito.E mais, hoje é sexta-feira!


quinta-feira, 6 de novembro de 2008

70x7

Segunda-feira, péssimo, dia sonolento e rameloso. A obrigação de ir trabalhar.
Terça-feira, ainda pior; já com os estragos do dia anterior nas costas e ainda falta uma batelada de dias para a folga.
Quarta-feira, a adaptação. Conformamo-nos de que trabalhamos. A última folga foi há imenso tempo e nem se pensa na próxima.
Quinta-feira, de repente cheira a algo! A luzinha lá ao fundo, o poder dizer que amanhã é Sexta-feira!
Sexta-feira, imperial! Magnânime dia. Então da parte da tarde ainda é melhor! Quem me dera que todos os dias fossem Sexta-feira.
Sábado, o merecido descanso! Ahhh ver televisão na cama. Não almoçar, e jantar com amigos. Ir para a cama de preferência pela madrugada.
Domingo, dia estranho. Só é bom da parte da manhã; mas essa parte deveríamos estar a dormir, então não a aproveitamos. A hora do almoço ainda se aproveita, mas a parte da tarde, começa a ser deprimente. Parece que estamos num estado de prisão preventiva, à espera da execução. À noite de repente ganha-se um ânimo. Até sabe bem conviver com o sofá. Espreguiça-se e vamos para a cama satisfeitos.
Segunda-feira, péssimo…

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

nº 34

Tentei várias vezes e não dá. Comida chinesa só mesmo nos restaurantes chineses. Não sei como eles fazem, e não sei o que põem lá dentro. É um grande complô, pois em todos os restaurantes chineses a que fui, o chop suey sabe sempre ao mesmo. E sempre que tento fazer chop suey em casa também sabe sempre ao mesmo; a sopa. Tenho o wok, tenho os rebentos de soja, tenho o molho de soja, a cenoura, a cebola, o cogumelo, só me falta mesmo é falar mal português. O segredo da coisa certamente não será esse, e se calhar nem convém saber, pois o chop suey sabe-me bem e mesmo que leve bigodes de gato atropelado, prefiro esse ao meu.