quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

quem sai aos seus

Tive de ir ontem ao pediatra com uma das gémeas. Tinha umas manchinhas na pele; foi--lhe diagnosticada a chamada quinta doença, ou eritema infeccioso. Segundo o doutor o que provoca isto é o seguinte vírus: “Parvovírus, comumente abreviado para parvo, é um gênero da família Parvoviridae linear, não-segmentado único DNA vírus com um tamanho médio de 5 kbp genoma. Parvoviruses são alguns dos menores vírus encontrados na natureza. Alguns têm sido encontrado com o reduzido tamanho de 23nm.Os seres humanos podem ser infectados por três gêneros da Família Parvoviridae. São eles Dependoviruses (por exemplo, vírus adeno-associado), o Erythroviruses (por exemplo, parvovírus B19) e do Bocaviruses”. Desculpa filha se te peguei qualquer coisa. A mim o vírus já foi embora há muito deixou só o parvo.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

pelo menos...

Caramba nunca tinha reparado nisto, sou peludo como tudo. Tenho pêlos em todo o lado! Até as minhas unhas são peludas. Gosto tanto de as roer, mas fico sempre com um pêlo no meio dos dentes. A gente tem estes pêlos todos para quê? Não me fazem lá muita falta. A barba cresce mais rápido que um piano a cair de um 10º andar, as sobrancelhas lembram aquela telenovela, o pantanal; tenho agora também esparguetes pendurados nas orelhas. Infelizmente, onde o pêlo se deveria manter farto, que é na pinha, parece estar a entrar na reforma antecipada. Não é que me preocupe muito com estes pormenores superficiais de beleza exterior, mas pelo menos gostaria de saber qual é o sentido de se ser peludo. São vestígios do cro-magnon. Ora não é coisa que se deva orgulhar de se exibir vestígios, contudo eu não tenho vestígios, tenho mesmo um espólio carpetual.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

come a papa, joão come a papa

Tenho de o confessar. Eu como sempre uma colherada de Cerelac quando faço a papa para as minhas filhas. É bom p’ra chuchu. Eu prefiro a clássica. Há umas com sabor a maçã e a pêra, mas a clássica é que é a vedeta. O ritual é sempre o mesmo; não querida, deixa-te estar que eu faço-lhes a papa… no fim de estarem prontas, lá vai disto! Não sei porque tenho alguma vergonha em assumir este vício. Elas não parecem importar-se. Um dia destes arranjo coragem e faço daquilo mesmo o meu jantar! Ah que esplêndido! Uma taça gigantesca de Cerelac! Mas faço-a com leite, com água é para meninos. Gosto da Cerelac num estado em que se tem de mastigar antes de se engolir, ou seja argamassa da boa! E ainda se pode ir mais longe, assim uma espécie de gourmet de papa, tipo depois de feita, pulverizar com chocolate belga em pó, com uma vagem de baunilha, só para ficar bonito, uma bolacha em forma de leque e um mini guarda-sol espetado em cima. Fantástico! Bem, venho já…

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

tremem leve, levemente

Nunca senti um tremor de terra. Ai como gostava. Mas, não; nunca senti. Deve ser uma sensação bizarra. Felizmente não houve assim nenhum de magnitude bíblica, nem eu quero que isso aconteça só para eu senti-lo. Mas, pronto vá, assim um abanar de portas, um tremelicar de copos, qualquer coisa. Fico triste e com inveja de quem já sentiu. É meio estranho eu não ter essa percepção, mas enfim. Será que sou pouco sensível? Ou será que sou eu que os provoco? eu não sou propriamente levezito, e na volta é isso mesmo. Dou assim um passo mais largo e a tectónica dá de si. Isto é o sindroma das bufas. Quem as dá, não as sente.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

um buraco e meia

Mas qual é o mal de andar com meias rotas? Tem um buraquinho no dedão, e daí? Ninguém o vê! A patroa já me disse o destino das peúgas, mas eu insisto que o destino delas serão mesmo os meus chulés. Ah mas fica tão feio. Como se o meu pé fosse bonito. Ah mas fica com tão mau aspecto. Repito, como se o meu pé tivesse bom aspecto. Meias minhas só vão para o lixo por causa de buracos, se estes forem no tornozelo. Aí está bem, já se vê, e estraga-me o bonequinho do Homer. Sim, porque eu só uso meias com bonequinhos. Bugs Bunny, Garfield e os Simpsons são os meus favoritos. Mas há que tentar perceber sempre outro ponto de vista, e se há alguma lógica em mandar meias perfeitamente boas para o gadelho só por um buraquinho no dedão, é porque realmente escondia a unhaca que por lá baixo tenho. Essa sim, tem mau aspecto e é bem feia.

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

temos de amá-las

As senhoras têm uma mala. Uma mala de senhora portanto. E o que essa mala tem de tão de fascinante? Nada. É apenas parva. A sua utilidade é na verdade um apêndice à toilette que vestem. Não se pense que a mala de senhora se avalia pela sua capacidade de arrumação, antes pelo contrário. Penso que as senhoras preferem mesmo que a dita mala, seja tipo um saco de viagem, sem compartimentos, que é para se ter tudo num molho de brócolos de cremes, carteira, canetas, papeis, lenços, batons, pensos, agendas, telemóveis, chaves, moedas, limas, lápis dos olhos, blushes, óculos, garrafas de água, ben-u-ron, cigarros, extractos bancários, livro, revistas… enfim, tudo o que uma senhora precisa para sair de casa. É uma aventura quando o telemóvel toca, e se desencadeia uma procura frenética pelo objecto. Não sei como são capazes de aguentar tal coisa, decerto que se fosse um homem, a obsessão pelo prático vinha ao de cima. Tudo arrumadinho e catalogado. Os senhores preferem a ordem em vez do caos, de tal maneira que, falo por mim, quando arrumo as “coisas” que preciso para sair de casa, arrumo sempre tudo nos mesmos bolsos de sempre. Chaves aqui, tabaco ali, carteira atrás e por aí fora. Às vezes fico a pensar quem me dera ter uma mala de senhora para andar com ela sempre arrumada. E o irónico é que por vezes também as senhoras pensam, quem me dera ter uma daquelas malas de ferramentas para limpá-las e arrumá-las todas!


quinta-feira, 27 de novembro de 2008

tipo, passe

As fotos do tipo passe são parvas. As máquinas automáticas só funcionam de madrugada. Toda a gente que tira fotos tipo passe tem de as tirar entre as 5 e as 7 da manhã, senão não ficam boas. É espectacular ver uma carta de condução de um colega. Dizem todos: epá eram 6 da manhã e estava na estação a correr cheio de sono e rissóis de bacalhau e tal. As pessoas que fazem as cartas de condução não deixam de colocar o sítio onde se colocar a fotografia, é a parte mais fixe de todo o documento. Comigo também já aconteceu o mesmo, obviamente. A parvoíce maior, é que quando decidimos ir tratar de algum documento, a fotografia fica sempre para o fim, daí tirar-se sempre a caminho de lá; e o mais idiota, é que escolhemos sempre o dia mais atarefado da semana para o fazer. É do género, condensar tudo o que temos de fazer em Lisboa num só dia. E na véspera ao que parece saímos à noite, uma coboiada do camandro que é para a foto na madrugada seguinte ficar sublime.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

wallpaper

Mais uma vez pediram-me para ir colar papel de parede. Só por ter feito isso em minha casa, tornei-me um especialista aos olhos dos amigos. Confesso que é assustador quando nos deparamos com uma parede branca, um rolo de 10 metros e um pacote de cola em pó. Existem instruções de como se procede a esta acção na caixa da cola, mas são tão resumidas, que parece que estão a gozar connosco, do género: passar a cola no papel, dobrar ao meio, colocar na parede… e pronto. Após ter piscado 8 vezes os olhos aventurei-me, e tremi. Mas lá consegui. O que custa é a 1ª tira, que demorei umas 2 horas a colá-la. O truque é usar a cabeça, e quando digo isto é mesmo usá-la; como me falta o 3º braço vai mesmo com a testa. Mas não é difícil, acreditem, se eu consegui fazer, até um egípcio paraplégico consegue.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

homem em construção

Como tive duas filhas ao mesmo tempo, as pessoas gostam de me perguntar: “qual delas te dá mais trabalho?”, e eu respondo com prontidão: “a mãe!”. As bebés são fáceis de se lidar; ou querem comer, dormir, ou brincar com os comandos da televisão. A mãe é mais tramado. Quer dizer, eu é que sou uma grande besta, pois a mamã é quem traz amor para o nosso lar; eu trago contas e roupa suja. Não são as mulheres que são difíceis de entender, eu é que sou mais burro que uma vaca morta. Parece-me que o truque é dizer que sim a tudo; parece-me. Daqui a uns anos vou ter ainda mais dificuldades, pois vou ter 3 mulheres em casa com que lidar. Ou posto de outra forma, uma mulher lá em casa vai ter um terço de um homem para lidar. As mulheres querem o nosso bem, e quando nos perguntam pela trilionécentesima vez se já telefonei ao canalizador é para o nosso bem. Elas no fundo gostam de nós. E nós só percebemos isso quando perguntamos se podemos ir passar um fim de semana fora com os rapazes.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

parabéns a mim!

Hoje faço ranhos. É verdade. Faço 29 ranhos. Tenho uma bimby tresloucada a produzir em massa muco nasal dentro da minha narina esquerda. Estou constipado no meu dia de anos. Adoro fazer anos; é fixe! Sinto-me feliz só mesmo por fazer anos! Não me importo de receber 2.000 telefonemas a desejar felicidades; e não me importo mesmo nada de receber um envelope com o meu nome lá escrito proveniente da minha avó. A minha mãe hoje vai fazer-me o jantar e há-de ser o meu favorito, uns belos rojões fritos! Muita mousse de chocolate para a sobremesa. É bom, e tenho saudades de quando fazia 12 anos… brinquedos! muitos brinquedos! estou satisfeito.E mais, hoje é sexta-feira!


quinta-feira, 6 de novembro de 2008

70x7

Segunda-feira, péssimo, dia sonolento e rameloso. A obrigação de ir trabalhar.
Terça-feira, ainda pior; já com os estragos do dia anterior nas costas e ainda falta uma batelada de dias para a folga.
Quarta-feira, a adaptação. Conformamo-nos de que trabalhamos. A última folga foi há imenso tempo e nem se pensa na próxima.
Quinta-feira, de repente cheira a algo! A luzinha lá ao fundo, o poder dizer que amanhã é Sexta-feira!
Sexta-feira, imperial! Magnânime dia. Então da parte da tarde ainda é melhor! Quem me dera que todos os dias fossem Sexta-feira.
Sábado, o merecido descanso! Ahhh ver televisão na cama. Não almoçar, e jantar com amigos. Ir para a cama de preferência pela madrugada.
Domingo, dia estranho. Só é bom da parte da manhã; mas essa parte deveríamos estar a dormir, então não a aproveitamos. A hora do almoço ainda se aproveita, mas a parte da tarde, começa a ser deprimente. Parece que estamos num estado de prisão preventiva, à espera da execução. À noite de repente ganha-se um ânimo. Até sabe bem conviver com o sofá. Espreguiça-se e vamos para a cama satisfeitos.
Segunda-feira, péssimo…

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

nº 34

Tentei várias vezes e não dá. Comida chinesa só mesmo nos restaurantes chineses. Não sei como eles fazem, e não sei o que põem lá dentro. É um grande complô, pois em todos os restaurantes chineses a que fui, o chop suey sabe sempre ao mesmo. E sempre que tento fazer chop suey em casa também sabe sempre ao mesmo; a sopa. Tenho o wok, tenho os rebentos de soja, tenho o molho de soja, a cenoura, a cebola, o cogumelo, só me falta mesmo é falar mal português. O segredo da coisa certamente não será esse, e se calhar nem convém saber, pois o chop suey sabe-me bem e mesmo que leve bigodes de gato atropelado, prefiro esse ao meu.


sexta-feira, 24 de outubro de 2008

mais vale uma na mão do que...

Não sei comprar roupa íntima de senhora. Nem de Homem quanto mais… para mim é boxers com o Tom & Jerry e meias dos Simpsons. Contudo, ofereci à minha adorável esposa ‘lingerie’. Nunca me senti tão envergonhado numa loja. Não sei qual é o mal, mas o meu inconsciente assim o manda. Vagueei pela loja tal e qual como um ruminante à volta do Taj-Mahal, até que finalmente aparece uma menina a perguntar se eu precisava de ajuda. Hesitei! “han… não…sim, pois se calhar é melhor”…a suar e a gaguejar perguntei: “Qual destes gostaria de receber?”. Levei logo um estalo pois a menina pensava que me estava a atirar a ela. Tive que ir a outra loja; fui à Intissimiminimissimi… ou lá o que é. Novamente o ruminante e o templo… outra menina; e obviamente que sim, precisava de ajuda. Desta vez fui mais cavalheiro, e referi que a minha mulher fazia anos e que eu gostava de lhe oferecer ‘lingerie’. Como pato bravo que sou dirigi-me à secção de coisas em saldo; mas rapidamente a menina acenou-me com peças mínimas e transparentes que me despertaram fugazmente o olhar. Parecia um puto, quero isto, mais aquilo e aquilo também. Até uma camisa de dormir foi no embrulho. O facto é que entrei na loja tipo menino envergonhado, e saí feito homem de peito inchado e o ego avantajado, a ostentar orgulhosamente um saco de compras da loja intimissiribimbissiri. Sim, sou um homem romântico!



PS: Fiquei com vergonha quando estava para colocar uma fotografia de uma senhora de cuecas, e por isso decidi optar por uma fotografia de um mítico e saboroso bolo de arroz.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

sou roedor

Tu róis as unhas? É bom? E ele? Ele rói as unhas? Nós todos roemos. Vocês também roem as unhas. E eles de certeza que também roem. Agora eu… obviamente que sim. Mas não sei escrever. Eu rou as unhas?... eu roue as unhas? Eu rouo?... roou as unhas?... ruoe? ruou? ru? roeo? rubalueabelala? Je róix les unhes. ARGHHHH! Não sei!


segunda-feira, 20 de outubro de 2008

desisto!

Pá, ainda bem que os bebés usam sapatos. É o vestuário mais inútil. Para já não andam. E depois não agasalha. Estão ali para quê?! Ah… ficam tão bonitas… ai é? Então vá você calça-las! Hoje tive de calçar os sapatinhos umas 23 vezes. É que passados breves segundos os sapatinhos voam. As bebés olham para mim enquanto as recalço e pensam: “este gajo ainda não aprendeu?...”. Elas preferem levar os sapatinhos à boca do que propriamente calçá-los. É a loucura. A chucha passa a vida no chão, e elas passam a vida a tentar chuchar nos sapatinhos!

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

parque de estacionamento

Não dá mesmo para perceber. O carro estava aqui!... Ia jurar que o tinha deixado na zona amarela, linha H, lugar 15, com o boneco do rinoceronte ao pé do pilar em frente da escada de serviço. Ou era na zona verde, linha D, lugar 23 com o a tartaruga ao pé dos contentores?... não isso foi anteontem! Ou está no -2?... Os carros de agora têm GPS, mas de que me vale isso se eu não o encontro?! Dou por mim feito parvo (isto não é nada raro), a carregar no botão da chave na esperança de ver os 4 piscas do carro. Mal entro no estacionamento do shopping perco-me logo; e não vale a pena tentar fingir que sei o que estou a fazer, pois sempre que quero deixar o carro ao pé dos cinemas, vou sempre parar ao continente. E para sair é a mesma coisa; vou sair aqui que depois é só apanhar a 2ª circular e siga para bingo. Não. Tenho de ir visitar a Damaia. Não gosto dos parques de estacionamento, e quem os desenha não gosta de mim. O ideal era em vez de termos 2 pisos com 5000 lugares, era termos 5000 pisos com 2 lugares. Bastante mais prático.


terça-feira, 14 de outubro de 2008

pessoal de perto

Eu gosto de concertos. Mas como sou dos subúrbios de Lisboa, fico um pouco desiludido quando o artista grita pelo nome da cidade, como se todos os presentes fossem do mesmo sítio. Aborrece-me. Eu sou das redondezas, e quero ouvir o Sting dos Police dizer “como é que é pessoal de pertoooooo” assim está bem. Já vibro. Eu sou de perto. E já agora para o pessoal que vem de Santa Cruz dos Assobios não ficarem também tristes quando vierem ao pavilhão, peço à Spritney Beers que grite “i love you pessoal de longeeeeeeee”. Ena, ela disse longe! e nós somos de longe! que orgulho...
Está bem? Pode ser?

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

palavrar

Os palavrões caíram em desuso. Já não insultam ninguém. Nos estádios já não vale a pena dizer que o árbitro é um filho da p***, ou que o avançado não joga um c****** e que o defesa é um p********. Isto já não choca nada; é até o habitual. Os adeptos, penso eu, que contestam desta maneira para que as coisas mudem e que não repitam os erros. Ou talvez não, há quem lá vá só mesmo para achincalhar. Mesmo assim; penso que se usarmos a famosa psicologia invertida temos melhores resultados. Imaginando um estádio com uns 20.000 animais a urrarem, um no meio do jogo dispara o seguinte argumento: “Oh árbitro, não seja injusto”… ou “ai valha-me deus, que guarda redes tão pouco qualificado!” que impacto isto teria? Mas se é mesmo para captar a atenção, sejam frontais. Não vejo ninguém no estádio a chamar “Ahhh seu vil”, ou “com a breca que malvado!”. É estrondoso. E já agora também no trânsito; quando lhe iam batendo, abram a janela e digam a alto e bom som: “oh seu grandessíssimo mal educado!”

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

os cócós e nós

Por falar em nenúfares, há um facto que é 100% absoluto. Toda a gente olha para o cocó que fez antes de puxar o autoclismo! Não é? Se calhar estou a exagerar… a grande maioria das pessoas olha! Se calhar também não… Os homens! Todos os homens olham para o cocó!... não? Bastantes olham!...também não? alguns? Uns poucos pronto… Resumindo, só há 2 pessoas que olham para o cocó. O caríssimo leitor e eu. Não é preciso ter vergonha. Eu faço pela curiosidade. Como já li todos os rótulos e os ‘making of’ dos desodorizantes e shampôs, quando estou em actos de libertação vou imaginando o feitio do dejecto; e depois apenas espreito para ver se acertei!
Agora uma pergunta, adivinhe lá onde estava eu quando me lembrei de escrever esta croniquinha?
Exacto, no trânsito.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

anti-vírus

Está tudo com o raio do vírus. Não escapei. Diarreia amarela abundante, vómitos compulsivos a jacto, especturações gritantes e ensurdecedoras, espirros infinitos pingados de muco... só me falta mesmo é ter bolachas de cêra a sair dos ouvidos. Na cama a minha cabeça enterra-se na almofada como uma bola de bowling num alguidar de baba de camelo. Estava a chocar uma estava... o médico bem podia ter dito que ia fazer parte do elenco do próximo senhor dos anéis. Bem dito papel higiénico e um grande beijinho meu para quem o inventou; à minha pala quase que ganhou o euro milhões.

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

hã?

Fui ao médico. Ele receitou-me mmmzzmzmmzmmzzmmzzmmmmmmzmmm. Fui à farmácia e deram-me Maxilase, para tomar 3x ao dia; não é demais? Os médicos não sabem escrever, e os farmacêuticos têm um poder sobrenatural. Não sei se o problema será as canetas dos médicos, mas se for alguém devia refilar, pois aquilo vem com um defeito grave. Mas também não ficamos pela escrita, eu também fico a “ler” quando se põem a falar. O Dr. Fontes explicou-me que as minhas mitocongeneses entram pelas bactériofungentes da epidomefapelulose e arrasam com as sinfocotobusturas, daí o meu sistema antivirulógico ruptaminilanamnese fica em defiência orgânicaçaftalose. Mais parece que fui a uma aula de expressão linguística da Arménia. Não basta dizer que estou a chocar uma?

terça-feira, 30 de setembro de 2008

peixinho cozido

Porque é que sequer existe peixe cozido quando ninguém gosta dele? As únicas pessoas que vejo a comer de bom grado são doentes (ou da tripa ou da cabeça). O sofrimento do animal é abismal, vejamos, tira-se o bicho do mar à força, corta-se às postas e volta-se a pôr dentro de água, mas desta vez a ferver. Isto é maldade pura. O Capitão Iglo é um sádico e também mentiroso, a dizer que o peixinho é saboroso e divertido de se comer. Patife. E depois temos a lata de chamar ao peixe ‘pescada’; isto já é humilhação. Se o peixinho for fresco é bem bom… dizem alguns; comam-no todo, prefiro comer panados de cabeças de barata com cenoura podre… e arroz basmati.

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

revistas femininas

Eu se fosse editor de revistas femininas, publicava-as de trás para a frente. É incrível e inexplicável a quantidade de mulheres que “lê” as revistas de trás para a frente. Eu já tentei e não consigo. Também já tentei lê-las de frente para trás e também não consegui. Após essa proeza, a minha percepção ficou de pernas para o ar. Não vai ser com revistas que os homens vão conseguir perceber o sexo feminino. A melhor maneira para os homens lerem revistas de mulheres é de facto fechadas.

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

500 paus

Desde que veio o euro, que os paus desapareceram; e eu tenho imensa pena, pois era fixe dizer “Ó mãe! Dá aí 500 paus para eu almoçar, ir ao cinema e comprar uma pastelaria fresca!”. Um jovem de hoje não faz a mínima ideia de quanto valia 500 paus, (mas sabe que para isso tudo teria que cravar uns 15 euros). Eu também ficava sem saber quando os meus avós diziam que uma cebola custava 7.000 tostões de reis ou coisa que o valha. E era giro ter 50 paus no bolso. Para além da moeda ser gigantesca, dava para nos divertimos o dia todo. Os mini milk custavam 20 paus, os matrecos 10 e com o resto morfava um pão com chouriço. Ter paus era fixe. Contudo a nossa unidade monetária eram os contos. Os grandes tinham contos. A partir de 1000 paus, a coisa mudava; não se ouvia ninguém a dizer “chefe, 4000 paus de super na 4”.




quarta-feira, 24 de setembro de 2008

capri-sonne

Que saudades tenho eu de beber um Capri-Sonne. O sumo era incrível, dos melhores que já provei, mas o que me fascinava era a embalagem… disforme e divertida ao tacto. Na altura era bem mais interessante passar tempo com o sumo do que com uma rapariga. Tinha eu mais vontade em apalpar o refrigerante era o que era, tinha mais vontade, porque era mais fácil; o Capri-Sonne não se chateava e nem tinha um ar ameaçador. Uns jogavam à bola, outros aos cromos, e também ao guelas. Para mim o mais divertido dos intervalos era mesmo afiambrar um folhado de salsicha, acompanhado do tal sumo, e tendo como sobremesa uma gorila de menta.


terça-feira, 23 de setembro de 2008

azul-turquesa

Os Homens não sabem o que é azul-turquesa. Eu não faço a mínima ideia do que será. Para mim até pode ser lilás. Aliás o lilás para mim também é indefinido, está algures entre o violeta e o roxo. Mas azul-turquesa… não sei bem. Deve ser parecido com o azul… a palavra turquesa é que complica. Será uma flor? Uma planta? Um pintassilgo? Volta meia viram-se para mim, e dizem “sabes tipo azul-turquesa…” e eu digo: “hum-hum…”. O meu cérebro começa rapidamente (isto do rapidamente é subjectivo) a vasculhar tudo e mais alguma coisa… File not found.

mas por que raio se complica tudo?...

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

cabos das tormentas

De todos os mistérios paranormais inexplicáveis que existem, o que mais me atormenta é o facto dos cabos dos computadores se amarfanharem todos. Juro que me faz comichão no céu da boca só de pensar nisso. Já vi pratos de esparguete mais organizados. É de facto uma força inexplicável que impele os cabos a se entrelaçarem, cá para mim aquilo tem vida própria, e pelo roça-roça todo, é uma vida sexualmente activa. Ainda agora quis corrigir uma palavra ali acima, e tive uma luta frenética entre o rato e o candeeiro. Se não estivesse tão dependente disto tudo telefonava já ao Eduardo…

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

macacos me mordam

Alguém sabe para que é que servem os macacos do nariz? Eu não faço ideia de qual o seu propósito, mas sei que é divertido tirá-los, fazer bolinhas com eles e voltar a pô-los lá dentro. Sempre que vemos alguém no trânsito com a mão de fora da janela a mexericar os dedos, é porque de certeza que está a fazer uma escultura de muco nasal. E no comboio, que não dá para fazer, é só pôr o jornal a 2 cm da cara que funciona como um biombo. Eu não acredito que haja alguém que não tire macacos do nariz, digam o que disserem. Eu tiro. Tiro à grande, e o meu dedo preferido é o indicador direito. É o dedo perfeito para a limpeza da cavidade nasal. Até fico triste quando a unha roída fica demasiado curta ou afiada, pois já aleija.

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

continuo a dispensar dispensas

Tudo na mesma. Confesso que tenho uma técnica apuradíssima de varrer as prateleiras com os meus olhos como se tivesse um scanner a laser incorporado, e nada vejo. Ou aliás vejo tudo o que não me interessa. Ele é kellog’s special K, bolachas digesta, arroz basmati, chocolates fitness (ou como eu digo fia-te nessa…), uma série de produtos com a palavra integral escrita, etc… cadê o nesquik? O chocapic? A chipie ahoy? Caramba! Lamento imenso mas não tenho capacidade de ver o que está por detrás das embalagens. Não consigo, nem eu nem 97,3% dos homens. O nosso scanner visual só dá para o que está à frente. Chamam-lhes defeito de fabrico, chamem preguiça, chamem o que quiserem. Sou homem, e não tenho essa capacidade.

carros usados

Comprei um carro em segunda mão. E após ter visto uns 7 ou 8 carros, cheguei à conclusão de que todos os carros usados neste país foram conduzidos por senhoras de meia-idade, só mesmo para não dizer velhas! É impressionante. Sejam eles BMW ou simples Citröen. Será que após nós comprarmos um carro novo automaticamente transformamo-nos em velhotas? É que chega sempre uma altura em que temos de trocar de carro, e quando vendemos o antigo, alguém há-de dizer a alguém que aquele carro foi conduzido pela sua tia-avó que só precisava dele para ir buscar batatas à praça. E prontos.


terça-feira, 16 de setembro de 2008

dispenso dispensas

Desisto. Estive cerca de 4 horas à procura do chocapic. Aquela dispensa parece ter sido construída por um arquitecto maníaco-azeteca. Qual labirinto mortífero, qual poço de almas, qual quê! A minha dispensa absorve as minhas compras! Começo a temer profundamente aquela divisão. A fome e a desorientação preenchem-nos, não há como fugir. É pena mas hoje não vou ter pequeno-almoço. Já são 3 da tarde e a única coisa que me alegra é este copo de leite… branco. Raios!
Finalmente a minha mulher acordou! Se hoje for um domingo normal, a 1ª coisa que ela fará é ir à dispensa. Passados precisamente 3.21 segundos: “João!! Queres chocapic?”.

No comments.

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

com dum-dum é o fim

Eu tenho um certo apetite por coisas parvas, e há uma coisa muito parva numa lata de dum-dum; não, não é o nome, esse não é parvo, é giro; o que é parvo é que o produto tem data de validade! Tinha eu acabado de pulverizar loucamente a cozinha infesta de moscas e mosquitos lá na quinta, quando reparei que o prazo tinha expirado há uns 2 meses; fiquei a pensar ‘tadinhos dos bichos, isto é capaz de lhes fazer mal.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

rótulos

Não sei quem é que decide que os rótulos estão bons, mas parece-me que são indivíduos que nunca viveram neste planeta. Os rótulos jamais dizem a verdade, e tão pouco fazem parte da realidade. É pena, mas eu nunca vi um bebé a comer papa a rir-se. O bebé da cerelac deve ser sobre dotado, ou então é parvo de todo; para já come sem babete; verdade seja dita que eu por vezes não ponho babete nas minhas filhas, recorro aos toalhões de praia que estão na garagem. Depois, não vejo nódoas e nem bocadinhos de papa em nenhuma mobília. O meu maple entretanto já mudou de cor. E a mamã que está sorridente a dar a papa, não sei do que é que se está a rir, mas desconfio que seja da nossa cara.

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

copos de galão

Se há alguém rico neste país, é o inventor do copo do galão. Não há café que não o tenha. Não sei onde se vende os copos de galão, mas penso que deve haver filas intermináveis de donos de cafés a comprar os famosos copos. O copo em si tem algo que fascina. Não é grande, não é pequeno, não é largo, não é fino… costuma ter uns frisos de lado, pega-se bem com a mão esquerda como com a direita. É especialmente atractivo quando está junto de uma torrada. Eu nem bebo assim tantas vezes galão, eu é mais ucal, mas esforço-me para que seja servido num copo de galão. Sabe melhor.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

rotundas

Quando for grande quero ser decorador de rotundas. No meu entender é uma carreira cheia de futuro. Para já, é parvo; e como a parvoíce é algo que me atrai, sinto poder dar algo mais a esta indústria. O meu raciocínio é óbvio, das 7.438 rotundas que conheço, 3 estão bonitas. As outras 7.435 estão patéticas. Em Tires, capital da rotunda, temos rotundas decoradas com pedregulhos, que ou muito me engano ou aquilo são restos de stock de uma pedreira que faliu. Não sei se foram postos propositadamente ou se alguém decidiu guardar ali 4 simpáticas pedras. O objectivo das rotundas será facilitar o trânsito, e o objectivo de as decorar é o mesmo que tirar macacos do nariz com uma luva de boxe.




segunda-feira, 8 de setembro de 2008

o futuro

Para o futuro, imagino que vamos ser todos azuis. Um azul-esquálido. Não vamos ter paciência para croissants e nem tão pouco para as suas irritantes migalhas. Prevejo um futuro algo flácido. Vamos deixar de ter unhas, e vamos desenvolver sérias placas de cera nos ouvidos. A comunicação vai ser digital, pelo que vamos adquirir 8 novos dedos. A esperança média de vida sobe para os 350 anos. E os dias vão durar uma eternidade. Vamos ter mais estações durante um ano. O verão e o sol ficam-se somente pelas horas de almoço. Os esquilos ameaçam em tornarem-se a espécie dominante no planeta. Os ovos estrelados vão ser objectos de estudo de história de arte. Vamos passar os dias de cócoras a assobiar a canção do verão azul. Pêlos? Não há mais. Somente na parte traseira das nossas línguas. Os beijos dão-se com a testa. Uma forte pancada simboliza paixão. E um roçar, o bom dia. As cadeiras ficam de pernas para o ar, e os talheres vão ser do tamanho de uma ervilha. O sentido da vida, confunde-se com os aquecedores a óleo. E as luzes dos semáforos vão ser cor de rosa.

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

direitos do animais

Não tem lógica. Não percebo as manifes contra as touradas. Ah o touro é maltratado e ai-ai, e faz dói-dói; e o pessoal só lá vai para ver um touro a sofrer… que tristeza. Para já metade das pessoas que figuram numa festa tauromáquica da sua terrinha já não vê nada, e quando há touradas por aí, quantos touros se aleijam? 2? Se há animal que sofre nas touradas é a sardinha! É um genocídio completo! Milhões de sardinhas são atiradas para cima das brasas para acabar no bucho da multidão. Ah mas as sardinhas são alimento, o sofrimento do touro é só pela diversão… para já as sardinhas não são para alimento, é pura gula, a sardinha para servir de alimento têm que se comer no mínimo 47, e depois há aquelas que estão molinhas e atiram-se para o chão. Belo propósito de existência para um ser vivo. E na minha opinião já vi muitos mais homens a sofrerem numa arena do que o próprio touro. No futuro vão os bovinos manifestarem contra humanos idiotas regados de álcool a servirem de puro gozo para umas belas cornadas.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

sapatinhos

Que eu sou parvo não é novidade nenhuma, até toda a gente na Suazilândia já o sabe, agora o que eles não sabem é que ontem fui comprar uns sapatinhos para o baptizado das minhas filhas. 40€ cada par de sapatinhos! Os sapatinhos são o nº 16, ou seja mínimos, na minha mão perdem-se; tenho por vezes unhas maiores que estes sapatinhos. A loja onde fui chama-se “ovo estrelado” por mais engraçado que seja este nome, nada tem a haver com a iguaria baratuxa, tem mais a haver com o facto de estares frito quando te aproximas do estabelecimento. Não quero ferir nenhuma susceptibilididiliabade (baralho-me todo sempre que quero dizer esta palavra, agora provem o meu veneno) a loja está recheada de coisas lindíssimas e muito fofas… e ao acabar esta frase posso afirmar que sou um homem que vê a sic mulher enquanto janta.

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

música foleira

Porquê? Porquê é que quando um indivíduo ouve música foleira no carro tem de a ouvir aos altos berros? Hum? Será que é a partilha da desgraça? Se eu a oiço todos têm de a ouvir! Ou será que a música é tão má que para apanhar algo de bom tem de se ouvir bem? Eu por mim não me importo de ouvir o re-mix Verão Curitiba 2006, mas prefiro um bom par de janelas fechadas. Música patética e janelas fechadas são incompatíveis? Dá crash? A música foleira equipara-se ao aspecto dos carros. Resumindo, quanto pior é a música, mais alto se a ouve e pior é o aspecto do carro. Imagine-se um condutor envergando uma camisola de alças dos Chicago Bulls e um boné com a bandeira do Brasil, conduzindo um renault 5 GT Turbo branco, a ouvir o fantástico álbum de Roy Fagundes ao vivo em Arganil.

terça-feira, 2 de setembro de 2008

sou pai

Sou pai. Sou parvo. Sempre fui parvo, mas só agora é que sou pai. Tenho duas bebés gémeas. Sou muita’ parvo. Dormem no meu quarto comigo. Sou um príncipe dos parvos. Tenho a minha casa em obras e estou a viver nos meus sogros. Já disse que sou parvo?! Comecei a seguir a telenovela da tvi. Sou olímpicamente parvo. Aqueço biberons no bidé porque está mais perto que o micro-ondas. Sou um vulcão de parvoíce. O emprego é um descanso. Se fosse a um concurso de parvos ficava em 2º lugar, pois sou tão parvo que nem em 1º lugar conseguiria ficar. Durmo aos bocadinhos. Sou um parvo em construção. Estou a gostar de ser pai. Tenho direitos de autor sobre o conceito ‘parvo’. Vou ao ikea num domingo de manhã. Sou pai.


segunda-feira, 1 de setembro de 2008

puré

Eu gosto de puré. Gosto da sua forma e gosto de o comer. Quase que não é preciso mastigar, mas eu prefiro fingir que mastigo. O puré é divertido, dá para fazer esculturas. Gosto de fazer uma espécie de vulcão onde se põe na cratera o molho do bife. Puré e molho de bife é equiparável a bacalhau e azeite. Aprecio ver incêndios florestais ao longe, pois as nuvens de fumo fazem-me lembrar o puré da minha avó. Às vezes tenho fantasias que envolvem puré, e às vezes chamam-me de estúpido. Mas o que tem o puré assim de tão fascinante? Para já o som da palavra puré é engraçado, e depois, é um alimento versátil. Sonho com o dia em que um pasteleiro invente um bolo de puré, ou que aquele senhor de Portimão comece a fazer gelados de puré com ‘topping’ de molho de natas com cogumelos. Não sou contra os purés instantâneos, desde que não seja eu a fazê-los… já tentei 2 vezes; da primeira vez não correu mal, deu para arranjar uma racha na parede mestra do meu hall de entrada, da segunda vez deu para plantar uma árvore no tacho. Posso não ser perito em culinária, mas sou um alarve de primeira. Já experimentaram comer puré com as mãos? Eu já, mas não aconselho a fazerem isso na Portugália de Arroios; quer dizer, se não tiverem dinheiro para a refeição até dá jeito.

o meu sofá

A minha mulher está grávida de gémeas. Toda a gente me diz “tu tas doido??”; Eu? Eu não fiz de propósito! A culpa não é minha. Eu até nem tenho jeito nenhum para ‘aquilo’… se alguém tem culpa é o meu sofá. É um sofá perigoso. É uma tentação que se paga caro. Não pensem que se trata de um sofá normal. Não! Não é somente nos actos românticos que ele tece as suas redes do destino. Desconfio que basta estar sentado a ver o ‘quem quer ser milionário’, que de repente, se engravida. Sim, até se pode estar sozinho que não se escapa. Parece uma daquelas histórias em que se comprou um artefacto numa loja arrepiante e mística em chinatown de S. Francisco, tipo Gremlins, mas não. Foi mesmo na Moviflor de Albarraque, que por um lado é arrepiante mas não tem nada de místico. Portanto, deixo aqui expressa a minha vontade, em colocar este sofá maquiavélico criador de destinos impensáveis à venda no e-bay. Problemas como ejaculação precoce ou disfunção eréctil ficam como que resolvidos.

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

vamos à missa

Na semana passada fui à missa. Gosto bastante de estudar os rituais que cada paróquia tem. Dentro de todo o ritual, há sempre uns rituaizinhos que cada santa terrinha ostenta. Visto de fora, as missas parecem ser todas iguais, talvez o deveriam ser, eu não sei, mas cada Padre lá impõe as suas manias. Penso que cada indivíduo terá a sua parte favorita da missa, eu tenho! A minha é quando o Sr. Padre se põe a arrumar a loiça. São precisos no mínimo 14 paninhos para limpar 2 cálices. Hão de reparar que é preciso técnica para manobrar tal colecção de bordados e rendinhas. Dobra e redobra o paninho, põe à direita do cálice nº1 volta e meia, dobra outro paninho, passa suavemente pelo cálice nº2, volta dobrar, coloca-se aqui e vai para ali. Ufa… Enquanto isto a plateia assiste em admiração profunda. Pelo menos eu assim o faço. Não me importo de ficar a ver tal demonstração de eficácia de limpeza de loiça religiosa. Contudo, fico a pensar, será que dava jeito aos padres terem uma whirlpool por baixo do altar? Era mais higiénico, não me convencem que apenas uns paninhos bordados com rendinhas, consigam limpar todos os germes das ditas loiças religiosas. Não me apetece falar da ASAE, mas podia. Será que aqueles paninhos têm um poder especial? Ou aliás, miraculoso? Será que os germes que andam por aí, pensam 2 vezes antes de se instalarem nos copos do Senhor? Cá para mim, é exactamente isso que se passa. Os germes não têm essa coragem. Deixam-se ficar pelos beiços dos acólitos e companhia. Seja como for, este fantástico ritual de limpar a loiça após a comunhão hipnotiza-me. Quando as igrejas compram essas loiças vão lá à paróquia fazer a demonstração de limpeza? Os cálices têm de ser brilhantes, para a minha hipnotização ser maior. Mas é com aquele jogo todo dedilhado e sistemático que me deixa extasiado. Quero fazer bordados com rendinhas. Quero ver um padre a limpar cálices com bordados feitos por mim. Espero que esta tradição de os padres limparem a loiça se mantenha. Não gosto nada quando alguns mais velhos se sentam, e ficam os ministros da comunhão a fazer o trabalhinho. Talvez, esses padres também ficam a apreciar o mesmo que eu… Se assim for fico mais descansado, pois para mim a missa só tem sentido se eu ficar a ver alguém a limpar os cálices daquela maneira. E quantos mais paninhos houver, melhor!


quinta-feira, 28 de agosto de 2008

escritores de lápides

Há pessoas com cara-de-pau. E há também agentes fúnebres. Creio ser uma profissão em que é necessário, não ofendendo deliberadamente ninguém, ter a maior cara-de-pau de sempre. Vejamos, lucram com o infortúnio dos outros… certos membros do governo também o fazem, mas o emprego destas agências é assumido e respeitado. Esses membros do governo já não. Onde quero eu chegar? A lado nenhum provavelmente, mas receio que mais tarde ou mais cedo irei estar nas mãos destes agentes fúnebres. Regozijo-me a pensar em como seria a minha última cerimónia. Temos variadíssimas hipóteses. As mais tradicionais são o enterro e a cremação. Contudo penso que o embalsamamento será a qual com que me identifico mais. Na verdade gostava que me embalsamassem e me pusessem no hall de entrada da minha casa, ao lado do bengaleiro. Sempre gostei de receber visitas… A nossa vida é feita de etapas, e em cada uma delas, haverá sempre alguém que lucre com elas. Baptismo, a educação, faculdade, casamento, divórcio e eventualmente a morte… Parece-me justo que quando passamos por estas etapas, haverá alguém a lucrar, pois também, cada um festeja como quer, agora no nosso funeral, já me cheira a algo… Para já não compreendo porquê é que nos enterram com o nosso melhor fato! Se é para dormir para sempre não tem mais lógica ir com o nosso melhor pijama? E para quem é cremado? Sempre que vou a um churrasco envergo sempre uma camisa havaiana e um belo par de chinelos! Enfim, é de facto doloroso e penoso ir às compras para a cerimónia; escolher o caixão, a madeira, o acabamento, a urna… e também a lápide. A lápide será a nossa marca para a posteridade, convém ter um bom par de linhas em que se expressa o sentimento pelos que cá ficam. Gosto de pensar em como será a vida da pessoa que escreve os textos para as lápides. É provavelmente uma vida pacata e serena. Mesmo assim, estes senhores são os que têm ainda mais cara-de-pau. Penso que realmente o trabalho que fazem é venerável, por mim, em todas as lápides de familiares meus falecidos, o texto está sempre solene e conciso, mas, dentro da pacatez da vida de um escritor de lápides, existe sempre o momento em que expressam o seu maior potencial de cara-de-pauzice… O que será que se escreve na lápide de um hipocondríaco?